Monday 23 May 2011

O “Gótico” como subcultura.

Um texto adaptado dum antigo que já tinha escrito há uns anos atrás... Para um trabalho da faculdade de um amigo... Enjoy!


O “Gótico” como subcultura.

                Gótico diz-se da arte que se espalhou na Europa do século XII à Renascença.
No dia-a-dia da sociedade actual o “gótico” possui um significado distinto. Gótico diz-se então pessoas que se vestem de preto e ouvem música alternativa (metal).  Errado!
Cada povo possui tradições, costumes e hábitos. À esses mesmos hábitos chamam-lhe cultura. Desde sempre a sociedade fez questão de rotular e dividir as massas populacionais em diferentes grupos. Diferentes subculturas.
O gótico actual, ao contrário da opinião comum, não se trata de uma quantidade de “miúdos estranhos” que ouvem música pesada e se vestem de preto. O Gótico como subcultura surgiu entre os anos 60 e 80 em Inglaterra porém apenas há cerca de 10 anos tem sido abordada através dos meios de comunicação social e tecnologias da informação ainda que por vezes de maneira errada.
                Como se é de esperar, quando algo é novo gera curiosidade. Perguntas que giram em torno de tudo que é estranho. É uma reacção natural do ser humano frente a factos desconhecidos. E esta subcultura não foi excepção quando começou a dar os seus primeiros passos na geração dos anos 90’s, a geração adolescente dos dias de hoje. Surgiu então a questão: “o que é ser gótico?”.
                Ser gótico não é respeitar um estereótipo apenas porque sim. É encontrar dentro de cada qual a sua imagem. A sua essência. É ser apenas o próximo.
                Não se trata apenas do rótulo mas sim do que esse rótulo representa. No senso comum actual ser gótico (ou apenas diferente) já torna a pessoa em questão alvo de crítica e atenção, ainda que pelos motivos errados. Esta subcultura não está estritamente ligado à morte, à depressão e à dor como muitos pensam.
O gótico representa sobretudo a arte em todas as suas formas. Arquitectura, literatura e até na música (Bauhaus, Fields Of The Nephilim, Siousxie And The Banshees, Christian Death, Screams For Tina, The Escape, The Sisters of Mercy, Alien Sex Fiend, Corpus Delicti, etc)! Está ligado à morte tanto quando à vida. É uma mistura de ligação ao passado.
O estilo em si, apesar de associado às botas plataformas, roupas pretas e muito simbolismo, não se define pelo exterior. O visual é secundário e muitas vezes condicionado pela sociedade. No entanto, apesar de toda a informação disponível hoje em dia, ainda há quem enquadre pessoas nesta subcultura somente pela forma de vestir, rotulando tudo e todos como um mesmo “produto”. Errado! Qualquer um pode vestir-se de preto, qualquer um pode se identificar com determinados pensamentos e ideologias, mas nem todos o compreendem por completo. O ser-se gótico está para além das roupas. Está no conhecimento, na arte, na descoberta (tanto do mundo como de si mesmo). Está para além do entendimento.
A definição deste gótico, a subcultura, no fim está entregue a cada um. O mundo é igual mas todos o vemos com olhos diferentes. O que é estranho e sombrio para uns, é ao mesmo tempo arte e paixão para outros. Tudo gira em torno da percepção do individuo, de como vê e reage a determinadas situações e factos.
Hoje há quem afirme que os verdadeiros “góticos” ficaram no tempo em que começaram, nos anos 80. Diz-se que as gerações recentes apenas utilizam o rótulo, o exterior. Mas acredito que continua vivo ainda em muitos o amor pela história, arte e música. A paixão que fez que com se desse o nome à subcultura. A paixão que a trouxa até aos nossos dias.
Mas afinal, o que é o gótico?
É algo a que apenas depois do contacto com pessoas que integram a subcultura, depois de apreciar a música e depois de fechar os olhos para reflectir no impacto que essa experiencia teve em si e como o fez olhar o mundo a sua volta, a realidade alternativa, o mundo cultural alternativo, pode responder. Porque a verdadeira definição está nos corações de quem vive nessa realidade, nessa subcultura, nesse mundo alternativo.
Cada caso é um caso e cada um, é como qual.

Por Sara Araújo.

2 comments:

Blood Tears said...

Uma excelente reflexão!

Infelizmente, na sociedade onde estamos inseridos, tudo o que saia fora do contexto a que a maioria apelida de "normal", é criticado sem que haja qualquer tentativa de compreensão e/ou aceitação. O que é um total desrespeito pela liberdade alheia.

No entanto, também me apercebo que lentamente, as mentalidades começam a progredir numa abertura positiva.

É importante ser e sentir, descobrindo-se nessa experiência no mundo da arte.

Kiss*

eraser said...

de certeza que sabem do que estão a falar?...enfim, compreendo o pensamento, de qualquer das maneiras...a mitralhada também acha que não é só imagem, os emos a mesma situação...