Saturday 27 November 2010

De 2008 para 2010

O som da chuva a cair lá fora fascina-me... Cada gota que bate no estore traz-me recordações, memórias que a muito pensava ter esquecido... Tantos momentos amargos passei com a chuva como banda sonora... Tanta alegria e tantos sorrisos a chuva assistiu vindos de mim... Lágrimas camufladas pelas gotas vindas do céu rolaram pela minha face enquanto corria até mais não poder debaixo da chuva... Tanto já me ri e tanto ainda me rirei! A vida não acaba hoje, tal como não acabou ontem... Ainda há tanto pela frente... Ainda tenho tanto que descobrir! Primeiramente, eu! Preciso de descobrir o que vai cá dentro, porque ainda não cheguei lá... Preciso de mais tempo para mim, para conhecer-me, para aprender a viver comigo mesma... A seguir, conhecerei o mundo... As estrelas... O mar! O céu!! Sim, porque só o céu será o limite... Mas garanto, nunca, por nunca esquecer-me-ei do som da chuva a bater nos estores do meu quarto.. Nesta fria noite de outono, a fazer-me sonhar com o amanhã! A fazer-me sonhar com o dia que tudo mudará... Com o dia que serei feliz...

Porque... "O caminho para a felicidade está em vivermos o presente.

Sunday 21 November 2010

É que ele não pode ser prejudicado...

Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.

Friday 19 November 2010

Sleep well, my angel

Dorme bem. Encosta a tua cabeça ao meu peito e deixa-te dormir.. Deixa-te levar para o mundo dos sonhos.. Onde podes criar a tua realidade, o teu momento. A tua felicidade. Deixa-te embalar pela melodia do meu coração, pelo bater que vive por ti.. Sonha contigo, sonha com o teu futuro, sonha com o amor.. Fecha os olhos e diz-me o que vês.. Vês o mundo perfeito? Vês o que sempre quiseste ou sentes que ainda está longe? Sentes que é ainda inatingível? Ou apenas conformas-te que nunca o terás? Encosta-te a mim e chora, desabafa.. Diz-me o que te vai na alma.. Fecha os olhos e deixa que toda a dor se vá embora.. Toda a mágoa, amargura, tristeza.. Deixa tudo para trás.. E deixa-te ir.. Deixa-te ser feliz.. Esquece-te de mim.. Age, uma vez mais, como se eu não estivesse aqui.. Como se fosse apenas alguém dispensável a quem recorres quando estás mal, quando te sentes triste.. Age como se tudo o que disse fosse verdade ou continua a tentar iludir-me como se eu não visse o que se passa a minha frente.. Sabes? Custa-me estar presente para ti.. Custa porque magoa! Magoa ver-te já aí num instante e logo a seguir do outro lado do mundo, com outra pessoa.. Ver-te adormecido custa a crer que mentes com tudo o que tens.. Sorris com o jeito meigo que só tu tens, como um anjo que desceu a terra.. Como a criatura mais perfeita do mundo.. Com um teu sorriso tão único, tão lindo que só tu tens.. Que expressão serena.. És como um anjo.. És o meu anjo.. Quer dizer, foste.. Lamento que sejas como és.. Lamento as atitudes que tomas.. Lamento que sejas como és.. Lamento apenas.. Lamento teres sido um erro, TUDO ter sido um erro.. Ou talvez não.. Talvez isto já seja eu a sonhar.. Talvez nada do que digo e escrevo mostra como realmente sinto.. Nada do que vive comigo é fácil de explicar, e infelizmente (ou então não) faltam-me palavras para descrever.. Dor? Paixão? Desilusão? Amor? MERDA! TUDO MERDA! Sinceramente não te consigo dizer o que é pior, se é sentir e sofrer porque sinto e porque as pessoas desiludem-me constantemente ou não sentir e simplesmente deixar de criar laços.. Se o tivesse feito contigo, Anjo, nada do que vejo me afectaria como agora.. Nem os teus sonhos, o teu mundo perfeito, os teus desejos.. Sonhos que sonhas enquanto tens a cabeça ao meu colo.. Olho para ti e continuas calmo, sereno.. A perfeição das tuas feições cegam-me novamente.. Fico a olhar para ti.. Para os teus traços delicados, para o teu sono profundo.. Descansa.. Amanhã será diferente.. Amanhã talvez os teus sonhos mudem.. Ou então talvez acordes.. E vejas que o mundo não é perfeito como o que queres.. A realidade não é perfeita, mas é aquela que temos.. É aquela que tenho e onde tu estás.. E isso faz dela quase suportável.. Só porque os teus olhos meigos, o teu jeito, o teu toque estão lá.. Estão presentes.. Porque és importante.. Porque és tu.. E só porque sim.. Agora vá, dorme.. Fecha os olhos novamente e não faças caso do que te digo.. São disparates entre as linhas do meu pecado.. Do meu presente.. Da minha dor.. Dorme bem.. Meu anjo..

Sunday 7 November 2010

Too late...

Estás num bar onde todos conhecem-te, encostada ao balcão na tua, a curtir o teu som. Dás-te conta que há "sangue novo" no território e, de longe, observas os forasteiros.

Um deles apresenta-se: "Hey, sou o Jorge. Posso pagar-te um copo?".

Tu, receosa como sempre, não aceitas a primeira, mas depois de muita conversa ele convence-te a aceitar, afinal, um copo não faz mal a ninguém. Começas a beber e continuas a falar com o tal rapaz, sentes-te cada vez mais a vontade e nem dás conta de que o tempo está a passar. Ele paga-te outro copo, e mais outro e nem te apercebes de que estás a ficar cada vez mais vulnerável. Por volta da hora de fecho do bar, dás por ti tonta, sem reacção, completamente drograda. O moço, na sua boa fé, oferece-se para levar-te a casa. Tu, sem sequer pensar no assunto, aceitas. Afinal, o que tem de mal? Ele até parece boa pessoa!

Entretanto, adormeces no carro... Quando acordas, vês que estás numa rua do Bairro Alto, sem noção do tempo, sozinha. Pensas para ti: que estou a fazer aqui? Aquele monte de merda enganou-me bem. Ouves passos, mas não tens força nem controlo sobre ti para sequer virares a cara para ver quem vem lá.

De repente a pessoa aproxima-se de ti e senta-se ao teu lado. Só tens força para abrir os olhos e pouco mais. Ouves, como um suspiro ao teu lado:

"Olá criatura. Que decadência a tua, ao fim destes anos todos observei-te de perto sem que desses por mim. Segui os teus passos. Vivi na sombra do teu ser. Para que? Para poder estar presente quando o momento certo chegasse. E hoje o grande dia chegou. Gostaste do meu amigo Jorge? Ele é um porreiro. E sabes da ultima novidade? Trabalho na disco onde estiveste. No bar mais concretamente. Estás com mau aspecto. Bebeste demais? Ou então foi daquele pozinho branco que deixei cair, inocentemente, em todos os copos que bebeste? Ooops... My fault... Sabes, hoje quero mostrar-te algo, quero mostrar-te que aprendi contigo o sentido mais puro do sentimento que nutri por ti durante todo este tempo. "A vingança tarda, mas não falha". E é isto. Tardou mas cá estamos, tu drogada e bêbada no meio de um beco e eu lúcida, mas cega de ódio. Hoje será a ultima vez que terás coragem para ser quem foste, porque garanto-te não voltarás a ser a mesma criatura que foste em tempos. Sabes o que tenho aqui? Um brinquedo para ti. Uma razorblade. Deixa-me ajudar-te, sei que tens sofrido muito e tenho a perfeita noção de que queres por um ponto final nesta tua vidinha miserável. Eu ajudo-te, afinal os amigos são para as ocasiões, right? (...) Ooops... Acho que foi muito fundo, o jacto de sangue fez ali uma bela pintura na parede hum?? Deixa cá ver o outro braço agora. (...) Ooops... Acho que exagerei neste também! Enfim. Deixa lá. Não deves sentir muita coisa neste instante. Enfim, está na minha hora! O Jorge está a minha espera no carro. Vemo-nos por aí, ou deverei dizer, vejo-te no inferno?"

Não consegues acreditar no que te está a acontecer. Vês o teu sangue por todo o lado e mal te lembras da pessoa que te fez isto. Tentas poupar os teus últimos suspiros no caso de alguém aparecer para te ajudar. Começas a pensar no que deixaste para trás, no que foste e no que fizeste. Aquela voz não te era estranha. Era-te muito familiar mesmo. Num flash de memória, nos poucos minutos que te restam, a imagem de duas miúdas, duas amigas, ou talvez, mais que isso, aparecem-te de repente na cabeça. Era ela! A tal que juraste fazer a vida num inferno. Olhas para ti mesma, nesse estado, a esvairar-te em sangue, sem ninguém por perto, sem fôlego nenhum.

Chegou a tua hora, pagaste pelos teus actos. Resta-te um último suspiro e dás por ti mesma a dizer... Desculpa.

Mas infelizmente, era tarde demais.